sweet sixteen

7 com amor ♥


Estou a menos de 24h de completar 16 anos. Decidi regressar ao meu cantinho, depois de vários dias sem dar notícias, sem mostrar o que realmente sinto a todos vocês que lêem as minhas passagens e a todos os que fazem parte da minha vida ou que foram meros passageiros nela. Estou exausta, triste, magoada, sentida, destroçada. Estou... sei lá. Não sei como descrever o que vai de tão ruim dentro de mim. Não encontro um único sentimento bom cá dentro. Este, e outros como ele, foram como que levados à força e sugados pelas cruéis nuances que completaram a última fase da minha vida. Tudo aconteceu num ápice, sem soltar um único grito, sem dar um único sinal que anunciasse a sua chegada. E do nada, apareceu. E desse tão pouco, tornou-se tudo. E esse tudo, tornou-me ninguém. 
Eu era uma menina feliz, nunca me faltou nada, tinha tudo o que me era alcançável ter. Nunca fui de exigir mais do que o que tinham para me dar. Sempre me contentei com o que possuía, ainda que fosse pouco. Era alguém simples, e esta virtude combinada com a minha inocência faziam de mim alguém diferente, especial. Tive vários momentos difíceis que soube encarar, várias vezes fui obrigada a despir a minha imagem angelical e tornar-me adulta sem o ser. A minha vida não foi deveras um conto de fadas. Ainda assim, cresci como uma criança normal e feliz. Era adorada e querida por todos. Marcava pela minha suave exuberância. Tinha algo que não estava aos olhos de todos mas que cativava quem estivesse à minha volta. O que tinha vinha de dentro, era um sentimento que a muitos fascinava. A minha compaixão.  Era feliz por natureza, via beleza em todos os recantos e focava a atenção no que estava à minha volta. Eu era uma pessoa doce, viva, contagiante. Até ao dia em que alguém chegou e prometeu fazer-me a pessoa mais feliz do mundo. Confiava nas pessoas sem questionar. Acreditei. Daí advieram dias temerosos, choros sufocantes, ilusões e desilusões, e uma notável tristeza sem fim. Acomodei-me. Voltou a doer. As memórias voltaram, remoíam por dentro. Dei uma segunda chance. Fui realmente feliz, como nunca pensara ser. Ainda o sou, em parte. A natureza, o misterioso, as pessoas, o que me rodeia deixou de captar a minha atenção. Centrava-me somente nele. Afastei tudo e todos de mim. Criei uma enorme barreira entre quem fui e quem era. Tornei-me uma pessoa horrível mas aproximava-me da perfeição aos olhos dele. Estava feliz porém triste. Sozinha. Dependia apenas dele. Afastei a minha família, amigos, pessoas que se importavam comigo. E agora o que me resta são estas palavras que vos deixo, refugio-me desta forma. Estou perdida. Cheguei ao ponto de perder quem menos queria. A minha mãe mostra ódio por mim a cada dia que passa. Sinto a indiferença no olhar dela, a frieza, a dor da desilusão. Não sou a sua pequena nunca mais. Não sei quem sou. Não tenho alma. Não tenho coração. Não tenho amor próprio. Vivo somente dependente da existência dele. Estou presa a este amor. E quando me libertar dele, poderei descobrir novamente de onde venho, o que deveras sinto, conhecer-me e perceber o que estou a fazer com a minha própria vida. Amo-o. Não sei como este sentimento bom se tornou em algo tão cruel para mim. Pudesse eu parar a vida um passo atrás.